Pela segunda vez consecutiva no espaço de um mês, abriram-me as malas na Alfândega do Aeroporto do Funchal. Na primeira vez, não me chateei muito. Afinal de contas é o trabalho deles, apesar de achar rídicula esta verificação dentro do estado Português. Mas, da segunda vez, e da maneira como foi, foi demais. Senti-me como um criminoso, como alguém que estivesse a fazer contrabando ou tráfico de droga. E tudo porque eu trazia uma mala enorme, praticamente vazia, cujo conteúdo era uma mala vazia, algumas - poucas - peças de roupa e uma caixa de chocolates. Mandou-me abrir a mala, abriu os forros, voltou a passar a mala no raio X e tudo isto sempre com perguntinhas como que a gozar do tipo, "Então, foi almoçar a Lisboa?". Ou a fazer considerações sobre o tipo de bilhete que tinha, bilhete este do qual só tinha o recibo, coisa com qual se ia passando porque não tinha o bilhete de regresso a Lisboa. Ou seja, coisas que ele não tem nada que saber.
Quem ler isto, pode até pensar que estou a exagerar. Até eu acho que estou. Mas a sensação com que fiquei é que ele estava à procura de qualquer coisa para implicar. Quase, de certeza, que se eu tivesse levado as duas máquinas fotográficas como já aconteceu levar, o sacana ia implicar com isso. E aí ia haver bronca. O mais provável era partir as máquinas na careca do sacana gordo da alfândega, de nome, João Jorge. Sim, é este o nome do filho da puta. E quero lá saber se alguém o conhece. Este sacana estragou-me a sexta-feira.
Agora, só quero ver como vai ser da próxima vez. Até queria que ele me mandasse parar outra vez. Só para que a raiva aumentasse ainda mais. E talvez perder a cabeça...
