domingo, outubro 31, 2004

José Agostinho Baptista

A noite
deita-se mais tarde, ao lado dos que não têm
nada,
nem amantes, nem amadas,
perseguidos por uma secreta ansiedade,
por uma dúvida:

quem é esta meretriz,
de quem é este corpo de mistério com os seus
anéis que brilham?
E a noite beija-os como veneno doce da sua
boca,
morde com os dentes brancos a carne que os
conduziu para o sono.
A noite não responde.


Um bocadinho do poema "A noite" do novo livro do poeta, "Esta voz é quase o vento". Poeta madeirense que eu desconhecia. Mas que este senhor, sem querer, fez o favor de me o apresentar. E em boa hora o fez.
Um aparte, que não é assim tão à parte. Já é a segunda vez que conheço um poeta madeirense através do Nuno. O outro foi José Tolentino Mendonça, do qual tenho dois livrinhos, que nunca se afastam de mim durante muito tempo. O que diga-se, não é para todos. E por isso, só posso agradecer. Obrigado.
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