domingo, abril 30, 2006

Que mundo é este onde vivemos?

Excerto de uma crónica de Faiza Hayat que veio ontem na revista xis do Público e que me deixou profundamente triste:

«Retratos de passagem, retratos da cidade. Deslizávamos pela Junqueira no desafogo de um domingo quando, no banco atrás de mim, um homem entrou em convulsão. Dobrou-se primeiro para a frente, depois atirou a cabeça para trás da nuca e o corpo para trás das costas. Num ápice estava no chão, tremendo e rebolando os olhos. Nos cantos da boca formaram-se duas bolinhas de espuma. O homem estava sozinho. Ninguém sabia ajudá-lo, para além do diagnóstico óbvio: "ataque epiléptico, ataque epiléptico!", gritava uma mulher em histeria.
Isto aconteceu quando o eléctrico passava mesmo diante do Hospital de Egas Moniz. Bem a calhar, pensei, o acidente acontecer à porta da assistência. Saí e falei com o segurança no portão principal do hospital. Pedi ajuda. "Não posso fazer nada". Desculpe? "Não posso fazer nada". Pode repetir? Ele repetiu, "não posso mesmo fazer nada. Têm de o levar para um hospital". Não estava a acreditar. Perante a desesperada indignação minha e de outros passageiros, o segurança ligou para algures no interior do grande hospital. Ao fim de alguns minutos de gesticulação e explicações, saiu da guarida. Pensei eu que para anunciar que vinha já um médico. Não. "Já chamaram a ambulância". O INEM apareceu, finalmente, de algures na cidade - do hospital não saiu absolutamente ninguém - e levou o epiléptico.
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Foda-se, o que se passa com esta gente?
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