Que mundo é este onde vivemos?
Excerto de uma crónica de Faiza Hayat que veio ontem na revista xis do Público e que me deixou profundamente triste:
«Retratos de passagem, retratos da cidade. Deslizávamos pela Junqueira no desafogo de um domingo quando, no banco atrás de mim, um homem entrou em convulsão. Dobrou-se primeiro para a frente, depois atirou a cabeça para trás da nuca e o corpo para trás das costas. Num ápice estava no chão, tremendo e rebolando os olhos. Nos cantos da boca formaram-se duas bolinhas de espuma. O homem estava sozinho. Ninguém sabia ajudá-lo, para além do diagnóstico óbvio: "ataque epiléptico, ataque epiléptico!", gritava uma mulher em histeria.
Isto aconteceu quando o eléctrico passava mesmo diante do Hospital de Egas Moniz. Bem a calhar, pensei, o acidente acontecer à porta da assistência. Saí e falei com o segurança no portão principal do hospital. Pedi ajuda. "Não posso fazer nada". Desculpe? "Não posso fazer nada". Pode repetir? Ele repetiu, "não posso mesmo fazer nada. Têm de o levar para um hospital". Não estava a acreditar. Perante a desesperada indignação minha e de outros passageiros, o segurança ligou para algures no interior do grande hospital. Ao fim de alguns minutos de gesticulação e explicações, saiu da guarida. Pensei eu que para anunciar que vinha já um médico. Não. "Já chamaram a ambulância". O INEM apareceu, finalmente, de algures na cidade - do hospital não saiu absolutamente ninguém - e levou o epiléptico.
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Foda-se, o que se passa com esta gente?
«Retratos de passagem, retratos da cidade. Deslizávamos pela Junqueira no desafogo de um domingo quando, no banco atrás de mim, um homem entrou em convulsão. Dobrou-se primeiro para a frente, depois atirou a cabeça para trás da nuca e o corpo para trás das costas. Num ápice estava no chão, tremendo e rebolando os olhos. Nos cantos da boca formaram-se duas bolinhas de espuma. O homem estava sozinho. Ninguém sabia ajudá-lo, para além do diagnóstico óbvio: "ataque epiléptico, ataque epiléptico!", gritava uma mulher em histeria.
Isto aconteceu quando o eléctrico passava mesmo diante do Hospital de Egas Moniz. Bem a calhar, pensei, o acidente acontecer à porta da assistência. Saí e falei com o segurança no portão principal do hospital. Pedi ajuda. "Não posso fazer nada". Desculpe? "Não posso fazer nada". Pode repetir? Ele repetiu, "não posso mesmo fazer nada. Têm de o levar para um hospital". Não estava a acreditar. Perante a desesperada indignação minha e de outros passageiros, o segurança ligou para algures no interior do grande hospital. Ao fim de alguns minutos de gesticulação e explicações, saiu da guarida. Pensei eu que para anunciar que vinha já um médico. Não. "Já chamaram a ambulância". O INEM apareceu, finalmente, de algures na cidade - do hospital não saiu absolutamente ninguém - e levou o epiléptico.
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Foda-se, o que se passa com esta gente?